Prémio Anual
Paleontologia e Estratigrafia de Portugal 

[1ª Edição - I PaleoPT, 2022]

Vencedor

Entrega do prémio (da esquerda para a direita):  Octávio Mateus, Gil Machado & Simon Schneider.
Fürsich, F. T., Schneider, S., Werner, W., Lopez-Mir, B., & Pierce, C. S. (2021). Life at the continental–marine interface: Palaeoenvironments and biota of the Alcobaça Formation (Late Jurassic, Central Portugal), with a formal definition of the unit appended. Palaeobiodiversity and Palaeoenvironments, 1–65. https://doi.org/https://doi.org/10.1007/s12549-021-00496-x

O que podemos descobrir no trabalho vencedor?

Por Sofia Pereira (in Tylostoma nº 1)

Corria o ano de 1885 quando Paul Choffat cunhava o nome “Couches d’Alcobaça” para uma sucessão de lignitos em Fervença e outras sequências siliciclásticas da região da Batalha e de Ourém. Esta unidade andou “de mão em mão”, mas sem que fosse formalmente definida, descrita e caracterizada. Várias designações foram dadas às sequências agora incluídas nesta unidade e, perante a ausência de uma litostratigrafia formal, gerou-se grande confusão nomenclatural que dificultava a análise das variações sedimentológicas que encerra. O seu conteúdo fossilífero, por vezes até excessivo lumachélico, foi documentado desde o século XIX: ele é bivalves, corais, gastrópodes, algas e icnofósseis (incluindo pegadas de dinossauros, sim!), mas também braquiópodes, ostracodos, foraminíferos, amonites, briozoários (também, onde é que os não há?), serpulídeos e equinodermes. Neste trabalho, Franz Fürsich, Simon Schneider, Winfried Werner, Berta Lopez-Mir e Colm Pierce põem finalmente ordem na casa, após décadas de recolha de dados, muito trabalho de campo e a contribuição de vários geólogos e paleontólogos cá da casa (Portugal). A Formação Alcobaça é finalmente formalizada e a longa lista de sinonímias apresentada pelos autores espera agora fazer frente às camadas disto e daquilo, os membros de acolá e acoli e as muitas unidades formais ou informais que lhe correspondiam em parte (pro parte, como dizemos nós). A partir de agora, ai de quem volte “a chamar nomes” à Formação Alcobaça. Que nunca mais se usem aspas, que cresçam as minúsculas! São ainda definidos sete membros para esta unidade do Kimmeridgiano (Jurássico Superior). De caráter sedimentológico misto, siliciclástico e carbonatado, a Formação Alcobaça estabelece-se como representando as fácies intermédias entre a Formação Abadia (marinha mais profunda) e a Formação Lourinhã (fluvial). Do ponto de vista sedimentológico, inclui sequências que representam diversos ambientes de deposição, desde fluviais a costeiros, incluindo lagunas marinhas e plataforma pouco profunda. Estas conclusões foram alcançadas através do reconhecimento de 35 associações fossilíferas de macrofauna bentónica: o hidrodinamismo, o tipo de substrato e a salinidade foram determinando “quem” existia em cada momento e lugar. E agora, quem outrora existiu, conta-nos como eram essas três variáveis. O detalhado estudo permitiu ainda perceber qual o efeito do diapiro salino das Caldas da Rainha na deposição da unidade, cujo movimento terá determinado as variações laterais de fácies observáveis nos diferentes setores da Formação Alcobaça em seu redor. Para quem gosta de logs, tem aqui mais de 2,5km deles, provenientes de nove secções. Há ainda bonitas estampas de amonites e ostracodos (que foram essenciais na determinação da idade da Formação Alcobaça), de bivalves, corais e equinóides e, claro, de icnofósseis (sim, há uma fotografia de pegada de dinossauro) e de lâminas delgadas que nos mostram as diferentes microfácies. Amantes do Jurássico e não só, não percam esta importante e muito completa publicação.

Abstract

The Kimmeridgian Alcobaça Formation of the Lusitanian Basin forms a mixed carbonate–siliciclastic unit between basinal deposits of the Abadia Formation, and fluvial–terrestrial strata of the Lourinhã Formation. This study presents >2.5 km of detailed logs of nine outcrop sections of the Alcobaça Formation in its type region. Eight of these sections encircle the Caldas da Rainha Diapir, which was a prominent, emergent, passive salt diapir during the time of deposition. Palaeoenvironments of the unit form a complex mosaic of low- to high-energy, carbonate- or siliciclastic-dominated shallow shelf settings; coastal embayments and lagoons; and coastal plains with rivers, lakes and playas. In the strata, abundant microfauna is often joined by a rich macrofauna, usually dominated by bivalves. Locally, corals, calcareous sponges or oysters form meadows or patch reefs. These autochthonous to parautochthonous remnants of former communities are assigned to 35 benthic macrofaunal associations. The integration of palaeoecological analysis of these associations with microfaunal and sedimentological data provides constraint on their salinity ranges, which range from slightly hypersaline to freshwater. Frequent temporal and spatial salinity fluctuations are attributed to variations in relative sea-level, salt tectonics or climate. The NNE-trending Caldas da Rainha Diapir induced pronounced facies differentiation. Predominantly, non-marine siliciclastic facies in the northwest and carbonate to siliciclastic, marine to brackish facies in the southwest are contrasted by shallow-marine carbonate facies east of the diapir. Comprehensive exposure and well-preserved fossils make the Alcobaça Formation an excellent showcase to demonstrate how biofacies analysis can help to disentangle the interplay of climate changes, sea-level fluctuations and salt tectonics. Based on the improved characterisation of the unit, the Alcobaça Formation is formally defined, and seven members are established.

Trabalho completo disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s12549-021-00496-x

[2ª Edição - II PaleoPT, 2023]

Vencedor

[Esquerda: Sofia Pereira, Carlos Marques da Silva e Gil Machado] Vencedor (2022)

Dell’Angelo, B., Landau, B. M., da Silva, C. M., & Sosso, M. (2022). Biogeography of northeastern Atlantic Neogene chitons (Mollusca, Polyplacophora): New data from the Pliocene of Portugal. Journal of Paleontology, 96(4), 814-838. https://doi.org/10.1017/jpa.2022.1







Menção Honrosa

[Direita: Sofia Pereira, Margarida Vilas Boas, Zélia Pereira, Gil Machado] Menção honrosa (2022)

Vilas-Boas, M., Paterson, N. W., Pereira, Z., Fernandes, P., & Cirilli, S. (2022). The age of the first pulse of continental rifting associated with the breakup of Pangea in Southwest Iberia: New palynological evidence. Journal of Iberian Geology, 48, 181–190. https://doi.org/10.1007/s41513-022-00189-0


O que podemos descobrir no trabalho vencedor?

por Sofia Pereira (in Tylostoma nº2)

Há moluscos e moluscos. E se uns caem no prato e nas graças da paleontologia, outros nem num sítio, nem noutro. Assim são os poliplacóforos, quítones para os amigos. Apareceram no Câmbrico e chegaram à atualidade: 500 milhões de anos de existência e nem sequer merecem constar no vocabulário do cidadão comum. De forma achatada, a sua concha é composta não por uma (como os gastrópodes), não por duas (como os bivalves), mas por oito valvas ou placas (Fig. 1). À conta destas, conseguem enrolar-se como um bicho da conta ou como uma trilobite, que são artrópodes e estão para lá do sol-posto em termos filogenéticos. Os quítones são exclusivamente marinhos e habitam ambientes de pequena profundidade, nomeadamente na zona entremarés. Aderem a substratos duros através de um cinturão quitinoso e raspam o alimento com a ajuda da rádula. Encontram-se com frequência pelas praias portuguesas. Agora já está a ficar frio, mas no próximo verão, procurem-nos. 

Já íamos no virar do século, em 2000, quando foi documentado o primeiro quítone fóssil em Portugal, na altura com honras de artigo no jornal Público (https://www.publico.pt/2000/10/18/jornal/um-quitone-chamadozby-150141). Dos mesmos autores, aos quais se juntaram mais dois colaboradores, chega-nos agora o segundo trabalho dedicado aos quítones fósseis portugueses: Bruno Dell’Angelo, Bernard Landau, Carlos Marques da Silva e Maurizio Sosso são as caras deste contributo muito significativo para a paleontologia deste grupo ignoto em Portugal. O trabalho abarca toda a biodiversidade desta classe de moluscos da famosa jazida de Vale do Freixo (Pombal) do Pliocénico da Bacia do Mondego. Foi triada uma quantidade assustadora de sedimento: 500 kg analisados à lupa binocular, que permitiram recolher 2088 valvas! No total, os autores identificaram sete géneros e 12 espécies de quítones. Destes, dois géneros e oito espécies constituem novas ocorrências para Portugal e duas espécies são novas para a ciência: Ischnochiton loureiroi n. sp. e Lepidochitona rochae n. sp. Os epónimos referem-se a João de Loureiro (1717-1791), jesuíta, missionário, botânico e autor de um dos primeiros textos portugueses sobre fósseis, e a Rogério Bordalo da Rocha (1941-2018), conhecido paleontólogo português, especialista em estratigrafia e paleontologia do Jurássico. 

Novas ocorrências à parte, o importante é o que se faz com elas: antes deste trabalho, não se sabia de que forma o grupo reagira à diminuição da temperatura das águas marinhas costeiras e do nível médio do mar na fachada atlântica europeia e Mediterrâneo ocidental desde o Miocénico. O conhecimento do registo de quítones do Neogénico europeu era insuficiente para permitir gerar uma imagem clara da biogeografia do grupo. Portugal está estrategicamente posicionado entre o Mediterrâneo e as costas atlânticas do norte da Europa, pelo que os autores juntaram a imensidão de novos dados portugueses com os do Miocénico-Pliocénico de França e Pliocénico do sudoeste da Espanha e propuseram um modelo original biogeográfico para o intervalo Miocénico-Atualidade. Ficou claro que os quítones de águas quentes que por cá pairavam no Mio-Pliocénico não gostaram da brincadeira e hoje estão restritos à província mediterrânico-marroquina. Em jeito de exercício ao contrário, podemos extrapolar quais serão os efeitos que a tendência de aquecimento global poderá ter na fauna e geografia futuras. Talvez nessa altura, estes quítones regressem e comecem a fazer parte do imaginário de conchas da praia do cidadão comum. 

Para terminar, uma curiosidade divertida que consta na publicação. O trabalho foi preparado no auge da pandemia de COVID-19, na primavera de 2020. Aquando do envio do material fotografado dos Países Baixos para Itália, ainda que por correio registado, parte perdeu-se, sem que os correios neerlandeses tenham conseguido localizá-lo. Os autores decidiram manter as estampas originais, ninguém merece resistir 3 milhões de anos para não chegar a ver a “luz da tinta”, mas substituíram os espécimes perdidos por exemplares similares nas coleções do museu Naturalis Biodiversity Center (Leiden, Países Baixos). Sejam ou não apreciadores de um bom molusco, não percam este trabalho, venham descobrir estes quítones portugueses, de antes de Portugal, o que lhes aconteceu e, sobretudo, que não são só os CTT que funcionam mal.

Fig. 1 - Esquema morfológico de um quítone. Desenho adaptado e comentado por Carlos Marques da Silva, que acompanhou a notícia do Público (2000) aquando da descrição do primeiro quítone fóssil português: Ischnochiton zbyi.

Abstract

Based on extensive new material, 2088 valves resulting from search sampling of ~500 kg of sediment, the Pliocene chiton biodiversity of the Mondego Basin (Portugal) is reassessed. Twelve species were identified, assigned to seven genera. Eight species are new for the Pliocene of Portugal, as well as two of the genera: Hanleya, Acanthochitona. Two taxa are described as new: Ischnochiton loureiroi n. sp. and Lepidochitona rochae n. sp. Until now, the polyplacophoran European Neogene record was too poorly known to be of help in generating a clear picture of the Miocene to present-day biogeography of the group. This new wealth of data from western Iberia, in conjunction with recent data from the Loire Basin Upper Miocene assemblages (France), allows clarification the Late Miocene to Recent eastern Atlantic and Mediterranean biogeography of the Polyplacophora. The northern range of warm-water northeast Atlantic and Mediterranean Polyplacophora experienced a sharp contraction since, at least, Late Miocene to Early Pliocene times. Warm-water chiton species represented in the Upper Miocene of the Loire Basin of NE France (European-West African Province) and the Pliocene of the Mondego Basin of central-west Portugal (Pliocene French-Iberian Province) are today confined to the southern Mediterranean-Moroccan Molluscan Province.

[3ª Edição - III PaleoPT, 2024]

[Esquerda: Sofia Pereira, Gil Machado, Carlos Neto de Carvalho, Andrea Baucon e Silvério Figueiredo] Vencedor (2023)


Neto de Carvalho, C., Baucon, A., Badano, D., Proença Cunha, P., Ferreira, C., Figueiredo, S., Muñiz, F., Belo, J., Bernardini, F. & Cachão, M. (2023). Eucera bees (Hymenoptera, Apidae, Eucerini) preserved in their brood cells from late Holocene (middle Neoglacial) palaeosols of southwest Portugal. Papers in Palaeontology, 9, e1518. https://doi.org/10.1002/spp2.1518 

O que podemos descobrir no trabalho vencedor?

por Sofia Pereira (in Tylostoma nº3)

É fã da Abelha Maia? Até gosta de abelhas, mas quer é vê-las longe porque é alérgico? Este trabalho é para si! Durante mais de três anos, os autores do trabalho vencedor tiveram de sofrer a fazer trabalho de campo desde a praia de São Torpes, em Sines, até ao Cabo de São Vicente, em Sagres, vasculhando as dunas e paleossolos do Holocénico em desconformidade sobre os depósitos de praia do Pliocénico e os eolianitos do Plistocénico (tudo coisas de ontem de manhã, portanto). Ninguém merece, bem sei, mas foram recompensados: quatro jazidas entre Vila Nova de Milfontes e Odeceixe preservavam uma enorme densidade – milhares por metro quadrado – de fósseis de casulos de abelhas. Uma descoberta que ninguém quereria fazer se estes casulos fossem atuais, mas é essa a beleza da Paleontologia: ali, já ninguém pica ninguém. 

A maior parte das espécies de abelhas selvagens nidificam no solo e passam grande parte do seu ciclo de vida no subsolo. Por isso, encontrar icnofósseis que correspondem às estruturas de nidificação de insetos que fazem bzzz bzzz, até pode ser comum… mas raramente se tem a sorte de apanhar o produtor com a boca na botija. Seria (quase) o mesmo que descobrir pegadas de dinossauro com o dinossauro lá caído no fim, ainda com meia pata sobre a pegada. E, claro, os icnofósseis são tão fósseis como os somatofósseis. Mas, a maior parte das vezes, quando só temos os primeiros, não sabemos ao certo quem fez aqueles lindos serviços. Uma das grandes novidades deste trabalho, descoberta na Carreira Brava, a norte de Odeceixe, é a preservação das jovens abelhas Eucera dentro dos casulos, como se de minissarcófagos se tratassem! Se um exosqueleto quitinoso se decompõe rapidamente, imaginem então um miniexoesqueleto quitinoso. Este tipo de processo de fossilização, a mumificação, frequentemente chamada de “conservação total” nos manuais escolares e exemplificada com os mamutes preservados em solo congelado, é muito menos comum do que a mineralização e a moldagem que caracterizam a maior parte do registo fossilífero. Mas a perda de informação paleobiológica é muito menor e, neste caso, a preservação excecional daquelas abelhas permitiu aos autores descobrir até o sexo (não o género, calma! Quer dizer, o taxonómico sim: Eucera :) ) das abelhas e a provisão de pólen monofloral deixada pela abelha-mãe. A soar a invasão de privacidade em três, dois, um…

Mas as surpresas não se ficaram por aqui. Na Paleontologia, pelamo-nos por uma boa tragédia: foram centenas de abelhas que morreram no interior dos seus casulos. Porquê? Segundo os autores, provavelmente morreram de frio ou com falta de ar. O que é certo é que não chegaram a ver a luz do dia, nem a produzir mel, nem a deixar os seus ferrões em nenhum tetravô nosso, mas puderam correr as páginas de notícias e colocaram a Paleontologia portuguesa nas paleobocas do mundo. Sim, porque embora o substrato seja mais antigo, os casulos têm 2975 anos, é o clímax do período neoglacial, já havia gente em todo o lado, já íamos na Idade do Bronze, desse outro, não aquele que os autores apanharam durante o trabalho de campo. Mas o que define um fóssil não é a sua idade. Ninguém é mais fóssil por ter mais milhões de anos no lombo. 

Os autores meteram toda a carne no assador: datação por Carbono 14 e tomografia microcomputorizada (fizeram TAC’s, basicamente) e o resultado é só espetacular, com fósseis de abelhas, enclausuradas dentro dos seus casulos, em 3D, nos nossos ecrãs. Como um todo, são vários os icnofósseis identificados, e ainda pólenes e pelos de animais e fósseis de conchas de caracóis que preservam o padrão de coloração. Um ótimo exemplo da importância das equipas multidisciplinares. Foi também a primeira vez que Apidae surge como produtor do icnogénero Palmiraichnus e é o primeiro registo de ninhos de abelhas no Quaternário da Europa continental e o primeiro exemplo em todo o mundo a preservar o produtor associado. Muitos parabéns aos autores e resta-me ficar aqui a invejar o momento em que, estilo Ovo Kinder, abriram um casulo (sim, porque eles abriram casulos à mão!) e tiveram a surpresa das abelhas preservadas lá dentro. E tudo isto aconteceu em cima do que realmente importa, os turbiditos da Formação Brejeira, do Carbónico da Zona Sul Portuguesa. Que seria de nós sem o Paleozoico…

Fig. 1 - Tomografia microcomputada de raios X de um dos casulos de Eucera sp. com uma abelha enclausurada no seu interior e detalhe preservacional de um dos espécimes estudados. Imagens cedidas pelos autores. 

Abstract

The c. 100 myr extensive fossil record of bee brood nests and cells (calichnia) in siliciclastic sedimentary deposits, or palaeosols, is virtually devoid of the presence of their producers. The absence of a more specific assignment to a producer of the different ichnogenera of the ichnofamily Celliformidae precludes their use in phylogenetic and palaeobiogeographic studies. Omission surfaces developed in incipient carbonate palaeosols during the late Holocene (middle Neoglacial), c. 2975 yr cal BP, on the southwest coast of mainland Portugal show insect calichnia in dense ichnofabrics dominated by shallow discrete cells (Palmiraichnus castellanosi) and cells at the terminus of vertical shafts. At Carreira Brava, one of the studied sites, bees ready to abandon their cells were found in an exceptional state of preservation inside the sealed brood chambers. The chambers also preserve the inner cell hydrophobic polymerized membrane and remains of the monospecific Brassicaceae-type pollen provision. Although the cause of mass mortality remains a mystery, oxygen depletion due to sudden flooding of the nesting substrate and consequent or overnight temperature drop, just before emergence, are plausible causes. The anaerobic conditions and later rapid carbonate diagenetic lithification are the likely causes of the preservation of the bees and the inner cell organic membrane. The favourable climate conditions for the development of successive, dense ichnofabrics from an omission suite dominated by bee brood cells may be the result of slightly colder and higher-precipitation winters during the Neoglacial interval.

Como participar - REGULAMENTO


2021.11.25


PDF